Por que o código de ética dos psicólogos não garante segurança?

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O código de ética dos psicólogos não garante segurança porque não previne abusos; ele só atua após denúncia, quando o dano já foi causado.

Por que o código de ética dos psicólogos não garante segurança?

Os psicólogos defendem a ideia de que apenas profissionais registrados no Conselho Regional de Psicologia, e que sigam o respectivo código de ética, são capazes garantir segurança e qualidade no atendimento terapêutico.

Porém, essa crença ignora falhas estruturais e cria uma falsa sensação de proteção, que expõe o paciente a riscos que o sistema não consegue evitar.

O código de ética dos psicólogos não garante segurança porque ele não funciona como uma barreira contra más condutas, apenas como um conjunto de regras aplicadas depois que o problema já aconteceu. Ou seja, ele não previne abusos, apenas orienta como puni-los quando denunciados.

Ao ler este artigo até o fim, você vai:

  • Descobrir por que ética não depende de registro.
  • Entender os limites reais do código de ética.
  • Saber como psicólogos registrados ainda causam danos.
  • Conhecer a fragilidade da fiscalização.
  • Aprender formas de se proteger fora dos conselhos.

1. Ética vem do caráter, não do registro

A ética de um profissional não nasce do número da carteirinha ou do nome gravado num conselho, mas da forma como ele age no dia a dia.

  • Um terapeuta, psicólogo ou qualquer outro profissional pode ter registro e diploma e, ainda assim, não agir de forma correta.
  • Por outro lado, alguém sem registro formal pode ter uma postura impecável, com respeito, empatia e responsabilidade muito acima da média.

Isso acontece porque ética é uma questão de caráter e valores pessoais. O registro profissional é apenas uma exigência legal ou administrativa, mas não molda o comportamento de ninguém.

Pessoas agem de acordo com seus princípios, não com o documento que carregam.

Acreditar que o simples fato de um psicólogo estar inscrito num conselho é garantia de segurança é ignorar que até profissionais regulamentados cometem erros ou agem de forma antiética.

Exemplos claros:

SituaçãoO que mostra sobre ética
Psicólogo registrado trata mal um pacienteRegistro não impede falta de respeito
Terapeuta sem registro mantém sigilo exemplarÉtica não depende de burocracia
Profissional com diploma atrasa e falta sem avisoRegistro não garante responsabilidade
Profissional informal cumpre horários e acordosCompromisso vem do caráter

A lógica aqui é simples: o documento não muda a índole. O que garante um bom atendimento é a postura que a pessoa adota mesmo quando ninguém está olhando.

Ética real é agir certo por convicção, não por medo de punição. Por isso, olhar apenas para o registro é como julgar um livro pela capa.


2. Código de ética não impede psicólogo de cometer abusos

O código de ética é um conjunto de regras, mas ele não é uma barreira física contra atitudes erradas.

Psicólogos que desejam manipular, explorar ou agir de forma abusiva não são detidos por um papel escrito; eles simplesmente quebram as regras e lidam com as consequências depois, se forem descobertos.

Isso ocorre porque o código de ética funciona como um manual de conduta, não como um bloqueio automático.

Ele só é aplicado quando há denúncia e processo ético, e até lá, o dano já estará feito. O documento serve como referência para punir, não para prevenir.

Assim, dizer que ele garante a segurança do paciente é, na prática, exagerar seu alcance real.

Você sabia:

  • O código de ética não é lido por todos os pacientes.
  • Muitos profissionais só revisitam o documento quando precisam se defender.
  • Denúncias podem levar meses ou anos para julgamento.
  • Algumas punições são apenas advertências.

Regras só funcionam quando há quem as faça valer. Um psicólogo mal-intencionado pode conhecer o código de ética de cor e ainda assim agir contra ele.


3. Psicólogo registrado também destrói vidas

Ter um registro profissional não é um escudo contra comportamentos nocivos.

Existem casos de psicólogos com carteirinha e histórico impecável que, mesmo assim, cometeram erros graves, prejudicando emocionalmente, financeiramente e até fisicamente pacientes que confiavam neles.

Isso acontece porque o registro é apenas uma formalidade burocrática para autorizar a prática da profissão, e não um filtro moral.

O sistema de fiscalização só entra em ação depois que a vítima denuncia, o que significa que o estrago já foi feito. E como a terapia envolve confiança e informações íntimas, o impacto de um erro ou abuso pode ser devastador e duradouro.

Exemplos reais (sem nomes):

ProfissionalDano
Induziu paciente a dependência emocionalTrauma prolongado
Rompeu sigilo sem autorizaçãoPerda de confiança total
Fez cobranças abusivasPrejuízo financeiro
Desqualificou paciente em sessãoRedução da autoestima

A lógica aqui é que a confiança cega no título pode ser perigosa. Pacientes tendem a baixar a guarda achando que o registro é sinônimo de segurança, quando na verdade ele é apenas um requisito administrativo.

É exatamente essa falsa sensação de proteção que abre espaço para que, às vezes, os maiores danos venham de onde menos se espera.


4. Fiscalização não evita traumas

A fiscalização dos conselhos profissionais não é constante, nem preventiva. Ela só atua quando existe uma denúncia formal, o que significa que o problema já aconteceu.

Na prática, isso quer dizer que um paciente passará meses ou anos sofrendo antes de alguma providência ser tomada.

O motivo é simples: conselhos não têm estrutura para vigiar cada atendimento. Psicólogos atendem em consultórios privados, online ou em espaços onde não há supervisão direta.

O trabalho da fiscalização é reagir a infrações já ocorridas, não impedi-las antes. Por isso, confiar cegamente nesse sistema como “escudo” contra traumas é um erro que pode custar caro.

Você sabia:

  • Conselhos não gravam nem monitoram sessões.
  • Processos éticos demoram anos para conclusão.
  • Enquanto o processo corre, o profissional continuará atendendo.
  • Muitas vítimas não denunciam por medo ou desgaste.

Sem fiscalização preventiva, o sistema é como um alarme que só toca depois que o ladrão já foi embora. Não adianta ter um conselho ativo se ele não consegue agir antes do dano.


5. Há proteção jurídica fora dos conselhos

A segurança do paciente não depende exclusivamente de um conselho profissional.

Existem leis e mecanismos jurídicos que protegem qualquer pessoa, independentemente de estar sendo atendida por um psicólogo registrado ou por outro tipo de terapeuta.

O Código Civil, o Código Penal e o Código de Defesa do Consumidor oferecem ferramentas para responsabilizar profissionais que causem danos.

Isso significa que, mesmo sem recorrer ao conselho, um paciente pode abrir um processo, exigir reparação financeira e até acionar a polícia, dependendo do caso.

Além disso, plataformas de atendimento, contratos claros e recibos de pagamento funcionam como provas para garantir que o cliente tenha respaldo legal.

Em muitos casos, a justiça comum é até mais rápida e eficaz do que o trâmite interno de um conselho.

Formas de proteção fora dos conselhos:

RecursoO que garante
Código de Defesa do ConsumidorIndenização por danos
Código CivilReparação por prejuízos
Código PenalPunição criminal em casos graves
Contrato de prestação de serviçoProva de acordos e obrigações

A segurança não é exclusividade de órgão de classe. O paciente tem direitos garantidos por leis que se aplicam a qualquer relação profissional.

Ou seja, a proteção real vem de conhecer esses direitos e saber como acioná-los, não de confiar que um conselho vai resolver tudo. E quando entendemos isso, fica mais fácil questionar a ideia de que só psicólogos registrados oferecem um atendimento seguro e eficaz.


Perguntas frequentes

  1. O código de ética impede que psicólogos cometam abusos?
    Não. Ele é um conjunto de regras que só é aplicado depois que o abuso é descoberto e denunciado.
  2. Então o código de ética é inútil?
    Não é inútil, mas é limitado. Ele serve como referência para punir, não para prevenir.
  3. Todos os psicólogos seguem o código de ética?
    Infelizmente, não. Assim como em qualquer profissão, há quem ignore as regras.
  4. O código de ética protege o paciente durante a sessão?
    Não diretamente. Não há fiscalização ao vivo das consultas.
  5. Quem garante que um psicólogo vai agir eticamente?
    O caráter e os valores pessoais do profissional, mais do que o registro.
  6. Os conselhos verificam a conduta de todos os psicólogos regularmente?
    Não. Eles só investigam quando há denúncia formal.
  7. Um psicólogo registrado pode causar danos?
    Sim, o registro não impede comportamentos antiéticos ou prejudiciais.
  8. Posso denunciar um psicólogo mesmo sem usar o conselho?
    Sim. Você pode acionar a Justiça comum, o Procon ou até a polícia.
  9. O que acontece com um psicólogo denunciado ao conselho?
    Ele pode receber advertência, suspensão ou até cassação do registro, dependendo do caso.
  10. O processo no conselho é rápido?
    Não. Pode levar meses ou anos, e nesse tempo o profissional continua atendendo.
  11. O código de ética é conhecido por todos os pacientes?
    Não. Muitas pessoas sequer sabem que o documento existe.
  12. O código de ética garante sigilo absoluto?
    Garante no papel, mas o cumprimento depende da postura do profissional.
  13. Conselhos de psicologia previnem más práticas?
    Não de forma preventiva. Eles atuam de maneira reativa.
  14. Existe fiscalização surpresa em consultórios?
    Não. Atendimentos são ambientes privados e não têm monitoramento externo.
  15. Qual a melhor forma de me proteger como paciente?
    Conhecer seus direitos, registrar tudo por escrito e, se necessário, buscar a Justiça comum.

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